quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Homenagem ao Com. Azevedo Soares, pelo sócio n. 13 Helder F. Almeida, 1º Tenente Ref.

Corria o mês de Setembro de 1964.
Tinha eu acabado de entrar para a Escola Naval, dia 1, éramos cerca de 60 (sessenta) mancebos, que tencionávamos seguir a carreira militar naval, após concluirmos o 7º ano dos liceus (actual 12º ano).
Cada curso na Escola Naval tem um patrono, sendo o nosso, Hermenegildo Capelo (HC).
Estavam na Escola mais três cursos: 2º ano, curso Miguel Corte Real (CR), 3º ano, curso Oliveira e Carmo (OC) e 4º ano; curso Nuno Tristão (NT), sendo este o mais antigo, cujos cadetes da Armada seriam promovidos a Guarda-Marinhas em 11JAN1965. Pertencia a este curso (NT) o cadete Eduardo Eugénio de Azevedo Soares.
Estava o autor destas linhas num dia do já mencionado mês de Setembro de 1964 com mais alguns mancebos na parada da Escola Naval, numa sessão de praxe, como toda a gente sabe existe em todas as escolas militares do mundo, bem como nas Universidades. Aproximou-se de nós o cadete do 4º ano Azevedo Soares, que disse: "Atenção, como mais antigo aqui presente, digo que os oficiais de Marinha formam-se nas salas desta Escola a estudar, e não no meio deste granel aqui na parada! Todos os mancebos em acelerado já para as salas de estudo!". Assim aconteceu, tendo o nosso camarada conseguido safar-nos de levar uns porradões e algumas flexões, costumes usados nas praxes que funcionavam ( e funcionam) entre os primeiros 4 ou 5 meses, após a entrada na Escola Naval.
Passados muitos anos, na situação de Reserva como 1º Tenente, vim para Vila do Conde, onde encontrei o Capitão-de-fragata na Reserva, Azevedo Soares, fazendo parte do Governo como Ministro do Mar.
Quero aqui parar esta discrição para dizer que sou um frequentador assíduo da Biblioteca de Vila do Conde, tendo acesso, como é óbvio, a muitos assuntos relacionados com a nossa cidade.
Tomei conhecimento que durante décadas, a imprensa local, se referiu ao principal problema nº 1 de Vila do Conde, que era a situação do Porto e Barra.
A tal propósito merece a pena citar um dos parágrafos, do colóquio proferido pelo Drº A. Sousa Pereira, na Primavera de 1958, no Círculo Católico Operário de Vila do Conde. Dizia o parágrafo: «A nós Vilacondenses, que não podemos deixar de recordar agradecidos, as campanhas que pelo Porto de Vila do Conde travaram o Drº Luís Costa Maia, Drº Pereira Júnior, Drº Cunha Araújo e Drº Elias de Aguiar (conseguindo que se iniciassem os trabalhos em 1929), referindo: "cumpre-nos retomar o bom combate desde há anos suspenso. Saiamos do silêncio em que nos temos confinado entristecidos e desesperançados !».
Perante estas e tantas outras inflamadas citações proferidas pelo Dr. A. Sousa Pereira e disponíveis em livro na Biblioteca Municipal "José Régio" quanto não estaremos gratos a este marinheiro Vilacondense, Comandante Azevedo Soares, quando Ministro do Mar, de uma "penada" só, resolveu um problema, que durante tantos e tantos anos era o problema principal do Porto e da Barra de Vila do Conde.
Só por isso, tal homem é digno de uma homenagem de todos os Vilacondenses.
Em Setembro de 2010, constou-se-me que tinha falecido este nosso amigo e camarada. Foi um erro de informação, quando quem tinha falecido tinha sido, o Drº Alfredo Azevedo Soares, seu irmão. Comuniquei-lhe o engano, mal sabia eu que era a última vez que o via.
Gostaria de deixar aqui uma dica a quem de direito, para se fazer uma justa homenagem ao Comandante Azevedo Soares. Bem o merece! facto porque não podia de forma alguma deixar de dizer algo acerca deste grande Vilacondense, que conheci há quase 50 anos, era meu amigo e camarada militar.
Assim, como sócio da Associação de Ex-Marinheiros da Armada de Vila do Conde e amigo do falecido Comandante Azevedo Soares, publico, aqui, esta justa homenagem.

Vila do Conde, 30 de Janeiro de 2011
Hélder Figueiredo de Almeida
1º Ten. Ref.
Sócio nº 13